“Sou apaixonado por
uma mulher que talvez nem exista, embora insista na ilusão de seu
nome.
Mas espero sereno a
constatação dos eventos, que populem esse imaginário. Pode já ter
vivido, esperando insone como eu esse encontro, ou pode sim, sequer
ter nascido, na angústia de me encontrar a tempo de um riso, um
abraço, ou que em meu colo repouse, a tempo de um largo e infantil
enlace. Se está viva ou virá nunca sei, nunca sinto, recolho
esboços de sua presença nos regalos segundos em que desperto ou
apago, o eriçar de seus lábios a ditar sons "flautinos",
serelepe tal qual corsa, enérgica porém doce, fugaz,
translúcida e clarividente, quase a alardear um encontro, que se desfaz
no litígio final de todas as noites.
Sou apaixonado por uma
mulher que talvez nem exista, e que se existir talvez nem mereça,
mas que existindo me faria sentido, só sabendo seu nome.”
gianovik