segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Carrosséis









Em vultos revoltos, vejo rostos, brisas e cheiros
papéis de carta em giro perfeito, furacões e lembranças
fardos inteiros, cestos e bornais, o arroio das aves;

E afinal? O que vejo?

Retratos que se movem, paredes deslizantes
corpos em movimento, meu eu, estanque, passivo
altivo e distante, rebuscado em sombras e escaninhos
como em um teatro, com carrosséis desbotados
espalhados por todos os lados, assistindo inerte, sozinho
o desfile dos amores passados.

Palhaço, vilão e vítima, todas as possíveis faces
emolduradas, nos botões do meu casaco
perfazem o caminho em volta dos erros, pequenos tropeços
quase nenhum acerto, mas afinal o que vejo?

Um riso torto, impregnado, dedicado, em renuncia
de um homem em sua escalada final,
pois não há dúvida, que tudo enfim
teve um singelo começo.



gianovik

domingo, 18 de agosto de 2013

Ancorado







Tenho pena de não saber amar
quando a resposta estiver ao alcance
e sua silhueta imprevista se arremeter
nem que por um instante
no encalço deste vão que me consome.


Tenho medo de não saber seu nome
de lhe esquecer como num sonho
então sinto pena de mim mesmo
por não ter atinado
que amar não tem tempo nem rosto
é um talento indisposto, e sem ofício.


Tenho amor em escala arredia
porém mesclado, à essências vorazes
há tanto tempos cingidas, aos perfumes d'outrora;
entremeios ardentes, invernos molhados
assim, como seus lábios
marcados onde não os vejo
perdidos em frenesis afãs.


Tenho receio que no fundo
desse profundo desejo
não sejas mais que um esboço
um reticente alvoroço
de um coração, ancorado a si mesmo.



gianovik

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Inesperado









Não  existem mais acasos...
 pois por acaso entenda-se : 
O inesperado
tão escasso como o solo que escavo
 desta mina seca e perturbada;
 ilhada
 fachada de círculos concêntricos
 de passadas mancas e opacas.





gianovik



quarta-feira, 7 de agosto de 2013









Não acredito em conglomerados.

Isso pra mim é definitivo.

E olha que já vi muitos. Igrejas evangélicas, cultos ecumênicos, reuniões em praça pública; o Pastor solitário com seu microfone a esturricar a traqueia em busca de fiéis, os centros espíritas com seus doutrinadores buscando unir as ciências humanas com a fé soletrada pelos médiuns, os terreiros de Umbanda em suas rodas girando e atraindo pessoas humildes e cultas em busca de respostas, aconchego, sentido ou o que seja, enfim, não existe lógica na fé fomentada por multidões ou grupos.

Nesse ponto já seria achincalhado. O que tem haver lógica com fé ?

No meu ponto de vista : Tudo.

Vale salientar que não estou a menosprezar ou diminuir qualquer crença, ideologia ou teoria Teocentrista, apenas acho diminuta a voluntariedade do homem se “escorar” nos ombros de cultos coletivos em busca do óbvio : Deus.

Caiu a ficha há anos, mas não queria aceitar. Aceitar que não me enquadro em movimentos coletivos de qualquer natureza religiosa. E olha que frequentei diversos ambientes do gênero, mas sempre em algum momento meu íntimo chegava a mesma conclusão : Caia Fora !

Não por falta de fé, de crença no divino ou sentimento de sua plena existência, mas por antever por trás das camadas de palavras proferidas a dubiedade no apregoar de cada interlocutor fervoroso. São só balbucios que não se encaixam na natureza desses membros, como textos decorados pra uma prova de última hora que não faz parte do dia a dia.

Não enxergo fé nessas reuniões, enxergo um mero teatro social de crenças não partícipes de seus íntimos.

É como um aulão de pré-vestibular, todos acham que há esperança de passar mas sabem que deviam saber e praticar esse conhecimento há tempos.

Minha fé é completa desde infância, não merece ser submetida a isso.

Deus é tão completo e perfeito na consciência do TODO, que não faz sentido ( lógica ) sentar pra elocubrar sobre algo tão sólido e transparente.

Mas … respeito opiniões contrárias, mas pra mim já deu.

O Deus que habita em mim me completa, e essa sensação me basta e me ensina todos os dias. 

É mais que suficiente.




gianovik