Terça-feira, 26 e 27 de Maio de 1998
"Falta
o sopro divino as palavras ,
o
incrível , o poder celeste.
Falta
apenas a conexão mais simples ,
a
conseqüência primaz da visão rudemente criada ,
a
certeza da concentração energética luminosa interior
à
alma.
A
luz que herdei. Os sonhos ; e almejei a paz quando a força
tormentosa
desencadeou nos gestos , nas expressões , a dor
violenta
e a revolta sem veracidade.
O
parto da vida proveniente da vida desconhecida ;
da
refulgente e delirante escalada dos pensamentos ,
da
medíocre reiteração dos sentidos opulentos e torpes ;
da
inevitável presença divina na natureza em conflito ,
mergulho
na cria "parturiada” daquele que é o todo ,
e
que tudo contém sem estar contido .
No
vernáculo das coloquiais intempéries ,
da
simplicidade do beijo infantil , na flor que ao ser
colhida
, brota o rubro tom da vida.
Ò
espírito da virgem prometida ,
do
licor dos seus olhos, da porta dos seus lóbulos
inebriantes,
das viagens pelas encostas dispostas em
cada
centímetro deste fausto corpo, turva-se
todo
raciocínio.
Haverá
eternidade , quando do refestelamento das mágoas ,
o
afogar das dores.
Ò
amor sem distâncias , sem dúvidas , sem insegurança .
Quando
as mesmas moléculas de oxigênio vierem a preferir
nossos
corpos como habitats itinerantes , a rejeitar
outro
veículo qualquer , seremos uma única flor , mesmo que
contidos
na convexidade da beleza e dos espinhos ;
não
haverá cerceamento dos nossos desejos , da nossa dinâmica
emocional
. Haverá energia , matéria , espírito e perplexidade
na
vida , e perpétua será nossa divindade : és energia eterna em
mim
, e sempre será ." 1
gianovik
1 - Escrevi
seis cartas,
de todas desisti do conteúdo, até que surgiram estas linhas acima.
Por isso a poesia inicial tem este nome ( na realidade as seis cartas
foram iniciadas no computador e ali mesmo feneceram. A emoção só
flui na união caneta-papel, nunca me dei muito bem em escrever
diretamente no computador. Todas estas linhas foram transportadas do
caderno para o micro .
Ps.: Um verdadeiro achado. Ensaio poético de um tempo em que a felicidade margeou sua plenitude.