sábado, 6 de julho de 2013

Às Seis Cartas



 

Terça-feira, 26 e 27 de Maio de 1998

 

 
"Falta o sopro divino as palavras ,
o incrível , o poder celeste.

Falta apenas a conexão mais simples ,
a conseqüência primaz da visão rudemente criada ,
a certeza da concentração energética luminosa interior
à alma.

A luz que herdei. Os sonhos ; e almejei a paz quando a força
tormentosa desencadeou nos gestos , nas expressões , a dor
violenta e a revolta sem veracidade.

O parto da vida proveniente da vida desconhecida ;
da refulgente e delirante escalada dos pensamentos ,
da medíocre reiteração dos sentidos opulentos e torpes ;
da inevitável presença divina na natureza em conflito ,
mergulho na cria "parturiada” daquele que é o todo ,
e que tudo contém sem estar contido .

No vernáculo das coloquiais intempéries ,
da simplicidade do beijo infantil , na flor que ao ser
colhida , brota o rubro tom da vida.

Ò espírito da virgem prometida ,
do licor dos seus olhos, da porta dos seus lóbulos
inebriantes, das viagens pelas encostas dispostas em
cada centímetro deste fausto corpo, turva-se
todo raciocínio.

Haverá eternidade , quando do refestelamento das mágoas ,
o afogar das dores.

Ò amor sem distâncias , sem dúvidas , sem insegurança .
Quando as mesmas moléculas de oxigênio vierem a preferir
nossos corpos como habitats itinerantes , a rejeitar
outro veículo qualquer , seremos uma única flor , mesmo que
contidos na convexidade da beleza e dos espinhos ;
não haverá cerceamento dos nossos desejos , da nossa dinâmica
emocional . Haverá energia , matéria , espírito e perplexidade
na vida , e perpétua será nossa divindade : és energia eterna em
mim , e sempre será ." 1

gianovik

 

1 - Escrevi seis cartas, de todas desisti do conteúdo, até que surgiram estas linhas acima. Por isso a poesia inicial tem este nome ( na realidade as seis cartas foram iniciadas no computador e ali mesmo feneceram. A emoção só flui na união caneta-papel, nunca me dei muito bem em escrever diretamente no computador. Todas estas linhas foram transportadas do caderno para o micro .

Ps.:  Um verdadeiro achado. Ensaio poético de um tempo em que a felicidade margeou sua plenitude.

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