quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ao largo



"Não notei que passaras, e nem sei o porque,
Vi-te um dia, nas cinzas, como folião 
A desfilar teus fetiches pela noite febril. 

Engraçado que nem me notaras, nunca
me vistes, e como fantasma, perante sua própria cara,
 vazastes meu eu incontáveis vezes. 

E quando de fato, por uma nesga do olfato, 
tu me pressentiu,
 já cego no mundo jazia, 
este parco corpo senil. 

Passamos ao largo, 
projetados em colisão frontal e explicita,
 mas só senti verdadeiro impacto,
 quando o torpor suavemente extinguiu. 

Éramos assim, inteiros, e por motivo 
Algum, feito em pedaços,
Antes mesmo de saber, que de fato
Algo entre nós existiu. "
 
gianovik

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