quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fábula da Mesmice





O que se pode escrever quando não se tem nada a dizer ?

Tem dias que sinto inspiração pra escrever um artigo de folha dupla ou começar um romance com metade do enredo já protagonizado na mente, mas tem dias como hoje … Que a maldita Fábula da Mesmice me ataca !!!

Mas o mundo as vezes parece mesmo contaminado pela repetição crônica. O sol nasce, o sol se põe, e nesse ciclo vicioso o mundo se entristece com as horas consumindo cada momento de criatividade. Diga-se de passagem falta de criatividade, pois me recordo que minha grande diferença na infância foi ser um grande germinador de fantasias e sonhos.

Era fácil pra mim comandar as brincadeiras, imaginar os castelos, delinear tropas e exércitos de inimigos nas muitas brincadeiras que instintivamente “gerenciei” com meus irmãos e amigos.

Dizia : - Ali tem uma montanha onde existem alguns arbustos com espinhos. Um pouco acima nós vamos colocar as tropas a escalar o lado norte pra tentar alcançar o acampamento inimigo.

E do jeito que eu descrevia o cenário, ele se materializava na mente de todos ao meu redor, podia ver no olhar de cada um, que eles enxergavam cada aresta, folha, pedra, aclive e nuance da planície ou do despenhadeiro evocado pela minha imaginação.

Era imenso o poder da criação !! A imaginação fértil que até hoje me move fez por muitas vezes da fantasia cenário milhares de vezes mais emocionante do que o plano real.

Havia dias que por teletransporte ou por ilusionismo era materializado nesse mundo. E o mundo era perfeito. Viver era uma inversão de polos onde o real era o imaginário e o imaginário era o real.

Mas a vida é elemento ciumento e mulher vingativa ( porque nada pode ser mais vingativo do que uma mulher magoada !), não admite realização plena nem felicidade incondicional, e ela te puxa num espasmo errante e te parturia de volta ao frio e seco resfolegar dos sentidos.

E você percebe que estar vivo não é algo tão criativo assim.

É vibrante e irrevogavelmente um deleite único fazer parte desse plano, mas a lembrança que muitas vezes te contamina ao nascer doutros paralelos, faz de cada elemento errante um herdeiro cigano de um lugar antes vivido.

Por isso que não se pode jamais cair na malha fina de aço da ociosidade. Parar de criar ou de redefinir cada momento fatalmente nos fara viver num plano de realizações mornas e enfadonhas.

Criar é sempre bem melhor do que ser somente a criatura.

ps.: Ué ? E não é que deu pra escrever alguma coisa mesmo sem inspiração nenhuma ??????

gianovik

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