É
engraçado falar sobre amizade. Não lembro de ter escrito ao longo
dos anos nenhum texto sobre o tema, portanto nunca então é tarde
pra começar.
Não
tenho muitos amigos, nem jamais fiz questão de tê-los em demasia.
Desconfio dos que alegam multidões de seguidores assim como
desconfio na unanimidade de opiniões sobre diversos assuntos. Creio
que a amizade, com exceção de raros exemplares com vínculos de
outro plano, seja um trabalho lento e aprimorado de convivência e
conhecimento mútuo. Acho estranho pessoas que dizem possuir
quantidades efêmeras de “melhores amigos”.
A
amizade, diferente de outras relações de conquista, é construída
na total despretensiosidade dos resultados. É aquele tipo de
relacionamento que não se cria expectativas muito menos se faz
firulas sobre quem você é ou sobre aquilo que tens a oferecer.
Diferente das relações de conquista amorosa onde comumente
mostramos o que melhor podemos oferecer como moeda de barganha, nas
amizades oscilamos entre o que temos de melhor e de pior logo de
cara, afinal, aceite-me como sou ou não tenho motivos pra insistir
nessa convivência.
Amizade
tem que ser assim, despretensiosa, lenta e vagarosamente lapidada
sobre o fio mais tênue de água. Não adianta olhar pra alguém e
levianamente afirmar laços, esses laços são dados sem que ninguém
precise olhar pros cadarços na intenção de amarrá-los.
Engraçado
que existirão sempre aqueles que te acompanharam por toda sua vida,
e acredite, desses nunca se afaste. Esses são as verdadeiras
conquistas que fizemos. Pessoas conheceremos diversas. Alguns se
afastarão, outros simplesmente sumirão feito fumaça, alguns só
preterirão proximidade com terceiras e levianas intenções, outros
só verás de tempos em tempos e parecerá que os tinha visto ontem,
e outros farão parte da excentricidade de sua própria jornada. E
desses últimos tenha certeza, restarão poucos.
Nessa
peneira cronológica se chegarmos ao fim da estrada com multidões de
verdadeiros adoradores, paciência, “desdigo” tudo que afirmei
afinal, sou falho e me baseio naquilo que vivi. Mas caso terminemos
como a maioria dos elementos taciturnos e comuns da mitologia humana,
ou seja, com poucos e verdadeiros companheiros de estrada, não nos
sintamos diminuídos. Creio que passamos com louvor na difícil arte
de conquistar amizades pelo simples fato de sermos somente nós
mesmos.
gianovik
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