quarta-feira, 15 de maio de 2013

Poesia do Desencanto






A alma do poeta chora, devora em prantos o amor
que não nasceu, castiga a dor do desencanto,
reflete seus sonhos em imagens nítidas, tão raras,
engana-se na escuridão da noite,
aninha seu dorso retorcido
em útero sagrado, na beleza falsa
de um amor não correspondido.


Sentimentos colapsados,
na estupidez de seus pecados, catalisa
cada sentido desperdiçado em sensações de fracasso,
não quer mais a poesia, como alimento de agrado,
busca sabedoria nos telhados, olhares, aves nos ares,
fatos passados, antigos fiascos, nada lhe ampara.

Pobre poeta, não encontra a alma almejada,
 declina da dor em verdadeiros prodígios,
não crê na força que não se apaga aos ouvidos,
desdenha da sentença de amar,
a quem não faz sentido.

Sonha com a união não germinada
Enlutado, amargurado, sôfrego de rancores,
ama sem objeto, ao desejo sedento de colher o fruto,
da semente desperdiçada.

Não há brio no poeta que chora.
Clama alheio ao mundo, aos cheiros,
risos , avisos de cuidado, não sabe amar em pedaços,
fracionar o coração, deixar-se partir aos poucos,
disfarçar a sofreguidão
de um sonhador em farrapos.


gianovik

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