De
tempos em tempos paro para refletir sobre que caminho devo seguir.
Como discernir sobre a melhor opção ou trilha para amadurecer meus
passos e fazer valer todos os anos que passei tentando entender o
tempo, o firmamento, os caminhos que Deus propôs serem parte do
palco das minhas encenações.
Encenações
sim, porque a vida nada mais é do que uma imensa peça teatral, onde
dividida em atos, tentamos alertar, emocionar, divertir, e trazer
sensações diversas a platéia que nos assiste. De tempos em tempos
temos vontade de largar essa teatralidade mas descobrimos que nada é
real se não for devidamente ensaiado na coxia de nossos corações.
Não é
fácil ter a nítida sensação de entender as pessoas em detrimento
da suas próprias necessidades. Vejo olhares vazios e desesperançosos
em todas as esquinas; nos amigos, vizinhos, e naqueles que se
esbaldam em pujantes e opulentas festas. A vida se tornou uma busca
incessante por prazeres momentâneos. Relacionamentos antes tão
valorizados são vividos em contorcionismos de algumas horas; e essas
manhãs já despontam rapidamente como se surgisse a cada dia uma
nova encarnação. O prazer não é mais algo que pode se desfrutar
parcimoniosamente pela esfera dos anos. Agora é, perdoe o termo, um
“fast-food” que se serve caminhando na rua entre um intervalo e
outro do trabalho.
E nesse
teatro perdemos a capacidade de saber o que é digno de amar,
valorizar, sentir. Perdemos o interesse em conhecer, dar segundas
chances àqueles que, pela inadimplência dos tempos ou fraqueza nas
suas certezas, cometem deslizes ou atos falhos.
Paro
tanto pra pensar nisso que me entristeço. E quanto mais penso mais
me sinto ator de um monólogo sem platéia. Como se perante um
espelho recitasse meu texto para alguém que nitidamente envelhece em
praça pública esperando um aplauso, um assobio e até quem sabe uma
vaia, mas nada disso nunca veio nem virá.
E ao
redor desse teatro árvores seguem incólumes no seu voluptuoso ciclo
de morte e nascimento, sem que jamais todos os galhos sejam recheados
por flores ou frutos.
É isso
que nós tornamos ? Árvores incompletas ?? Padecendo da ânsia de
viver sem parar pra observar que se não nos aprofundarmos na alma e
no desejo de amar o próximo jamais seremos fruticultores nesta vida
?
Eu não
creio que esse mundo será aquele que deixarei para meus filhos. Mas
lutarei com todas as forças para que independente do que o mundo nos
força a ser, serei sempre verdadeiro, amigo, e principalmente,
particípio perfeito na agregação de amor e carinho a todos que
comigo caminhem.
E que se
feche a cortina, mas que nunca termine a teatralidade da esperança de
dias melhores.
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